sábado, 12 de novembro de 2011

CATTLEYA INTERMEDIA ORLATA


---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Carlos Keller <carlosgkeller@terra.com.br>
Data: 17 de outubro de 2010 05:47
Assunto: [Mundo Orquidófilo] CATTLEYA INTERMEDIA ORLATA
Para: MUNDO ORQUIDÓFILO <orquideas@yahoogrupos.com.br>
 

Cattleya intermedia orlata 'Maxima'

Precisão! Essa palavra resume tudo o que é esta flor. Nela o branco rosado é uniforme, perolado e sem máculas. O labelo roxo é sólido e os contornos são absolutamente precisos. Não existem manchas brancas dentro do roxo nem pintas roxas dentro do branco. Uma divisão de cores cirúrgica. A textura aveludada e contínua do labelo faz um lindo contraste com o nacarado do resto da flor. A substância é pesada e a haste é firme, dispensando tutoramento, apesar do enorme tamanho da flor. Nunca vi até agora uma Cattleya intermedia com um diâmetro maior do que desta. Infelizmente não consigo captar em fotos a sua real beleza. Ao vivo ela atrai a atenção de todos os presentes e já foi capa de revista e campeã em várias exposições. É uma pena que a sua floração não coincida com a vinda dos juízes da AOS ao Brasil, pois tenho quase certeza que ela receberia um AM como premiação (Award of Merit). Esses juízes gostam de flores limpas e simples de entender, principalmente as que possuem um apelo comercial como esta. Sempre que posso, uso esta intermedia como bandeira na defesa da meristemagem de espécies. Mostro que para ser apta a ser meristemada, uma orquídea não precisa ter uma flor tecnicamente de ponta, avançada. Basta que seja uma flor bela, limpa e pronta, sem nada mais a se acrescentar. A beleza tem que ser óbvia e agradar não só os colecionadores, mas também a dona de casa na porta do supermercado, pois é para lá que vão as sobras de meristema caso elas aconteçam. Os produtores de espécies sempre respondem à minha doutrinação à favor da clonagem com desculpas, algumas esfarrapadas e outras até que com razão. A primeira desculpa é que não existem laboratórios de clonagem confiáveis no Brasil. Em parte isso pode ser verdade. Meristemas já com 2 anos desta intermedia da foto morreram, quando funcionários do laboratório que a clonou, se esqueceram de fazer manutenção no ar condicionado. A produção inteira cozinhou junto com os meus seedlings. Existem, no entanto, laboratórios clonando híbridos aqui no Brasil e que eu saiba, não estão tendo problemas. Outra afirmação que é muito usada para rebater a meristemagem de espécies é que numa sementeira podem surgir novidades e numa clonagem não. É como se um processo excluísse o outro e ambos não pudessem seguir paralelamente. Na verdade, um processo é a coroação do outro, é a eternização de um trabalho e sem ele seria como pintar a Mona Liza em giz de escola. Por último, alegam os produtores que uma cattleya espécie se meristemada, não teria chances ao concorrer nas vendas com os coloridíssimos híbridos. É claro que se meristemassem uma Cattleya lueddemanniana coerulea, por exemplo, por mais perfeita que fossem as suas flores, ela sempre teria uma coloração apagada, a qual só interessaria aos especialistas. Acredito que se venderia bem apenas 300 seedlings em todo o país, mas é possível a exportação. Estou tratando aqui de vendas a preços baratos, preços de meristema. Se for selecionada, no entanto, uma cattleya colorida e vistosa como esta intermedia da foto, acho que um número muito maior de seedlings seria vendido, desde que, é claro, os preços fossem honestos. No máximo 40 galinhas cada para um seedling à florir. Não podemos esquecer que o objetivo primordial da clonagem é popularizar uma planta. Torná-la acessível à todos. Pretendo, quando tiver os clones desta intermedia algum dia, doar exemplares aos sócios da minha sociedade orquidófila, a OrquidaRio. Dessa maneira, daqui a vinte anos, nós já velhinhos ou os nossos descendentes, cada um com a sua 'Maxima' florida em casa, ao admirar tão belas flores poderemos nos lembrar do passado, das nossas reuniões e das nossas amizades. Eu que gosto tanto de escrever sobre a história dos clones clássicos, teria criado então o meu próprio clone clássico e a minha própria história. Carlos.

 

Carlos Keller
Rio de Janeiro, RJ
carlosgkeller@terra.com.br

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